Os Gurus da Era Digital e a Mortalidade de César

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Em quase um ano de mau traçadas linhas, chego a um balanço sobre o desafio de escrever , o que para mim tem sido um exercício intelectual e cultural ao me obrigar voltar a me preocupar com a língua portuguesa ( mesmo ainda cometendo tantos erros) , pesquisar determinados assuntos para ratificar ou retificar pensamentos e me manter atualizado com leituras de jornais e revistas não só da Terra Brasilis como de outras regiões para poder ter um contra-ponto de determinadas opiniões.

Dividir pensamentos tem se tornado algo muito comum e fácil na era Digital, com surgimento de vários “Gurus” no campo da Religião, Moda, Gastronômia, Futebol, Econômia, Política (principalmente) entre outros.
O interessante é um fenômeno muito comum que tenho observado e que tem ocorrido com a maioria destes “Gurus” , principalmente quando vêm a fama ou a notoriedade se assim vocês preferirem, estes começam a se achar “Donos da Verdade” e muitas vezes começam a se perderem em seus discursos, muitas vezes cansativos , quando não muito vazios e com ares de prepotência.
Em um dos textos que escrevi este ano relembrei uma cena que gosto muito  do filme “O advogado do Diabo (Devil’ls Advocate, EUA, 1997), onde Al Pacino interpreta o próprio “Tinhoso” e ressalta que a Vaidade entre os seres humanos era o seu pecado favorito. Seria uma das explicações para talvez estes desvios de personalidade e comportamentos também nestes ” Gurus “? ( no texto anterior havia escrito sobre os Políticos Que foram estudantes idealistas e perderam seus rumos….).
É importante sermos dialéticos e críticos, e sabermos o momento correto de colocar alguns destes “Gurus” no freezer ou mesmo descarta-los para assim darmos espaço ao surgimento a novos pensadores.
Analogamente é o que temos que exercitar na alternância de poder , não permitindo o mesmo Partido Político muitos anos governando a mesma localidade, e isso se aplica para as esferas municipais, estaduais e federais.
Há um tempo atrás tive contato com um texto do Mário Sérgio Cortella, professor e filósofo, que trazia um fato (talvez) histórico, o qual reproduzo abaixo em parte:

“Na época do Império Romano os generais ao voltarem das batalhas eram recebidos em Roma para serem homenageados… pela população…

…O general romano entrava na cidade sozinho numa biga…

…Junto ao general, na biga, iam dois escravos, o primeiro para conduzir a biga, e o segundo ficava ao lado do general agachado. A função do segundo escravo era extremamente interessante e nos faz refletir sobre a sabedoria dos povos da antiguidade…

Um general voltando vitorioso de várias batalhas, sendo aclamado pelo povo e sentindo-se invencível poderia ser uma ameaça a democracia romana…para evitar isso a função do escravo era uma só… A cada 500 metros do percurso, o escravo levantava-se, aproximava-se do ouvido do general e dizia :

– “Lembra-te que és mortal!”

Mais 500 metros, e novamente:

– “Lembra-te que és mortal!

Talvez este ensinamento seja o caminho para inibir a Vaidade , que tanto nos cega e desvia nossas mentes e ações ….

“Vamos lembrar a cada 500 metros que somos mortais!”