Recentemente comecei a trabalhar em uma empresa na qual nos últimos 20 anos surgiram outras oportunidades para já ter trabalhado anteriormente e, por diferentes motivos resolvi optar por outros caminhos.
Ao longo deste período, ambos passamos por diversas mudanças e evoluções. Todavia, o mais interessante foi a sensação do primeiro dia de trabalho parecia que estava retornando das férias, pois para mim ali parecia um local totalmente familiar e me sentia totalmente preparado para aquele momento.
Este episódio me fez refletir sobre “O Tempo das Coisas” ….. em nossa vida, em nossa sociedade, em nosso planeta…
Ainda estou há pouco tempo na empresa, mas será que anteriormente estaria preparado, ou pelo menos tão confiante ? Teria o Plano Real dado certo na época do Plano Cruzado ou vice-versa? Haveria o movimento Vem Para Rua, Brasil Livre , Revoltados OnLine entre outros movimentos se não houvesse os Caras Pintadas anos antes? (mesmo com todos os seus questionamentos históricos)?
Estes movimentos teriam alcançando tamanha amplitude sem o advento da Internet ?
Adotando uma linha de que tudo tem seu momento certo, podemos cair em uma perigosa armadilha de interpretação (injusta) de desídia, tão comuns nos países localizados abaixo do equador – muitas vezes atribuída pela sua formação católica e a influência desta na cultura e política, como podemos notar em:
Eclesiastes 3
“1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; ……….. “
ou
Padre Fábio Melo
“Esperar pelo tempo das coisas é um aprendizado necessário. O rio tem o seu remanso. Quando apressado ele faz desastres! “
Adotando uma linha em que devemos construir o momento certo e não esperar por ele, nos tornando protagonistas das nossas vidas, vemos como exemplo outros países europeus ou mesmo da América do Norte mais atuantes em questões de mobilizações sociais ou buscando a manutenção dos direitos adquiridos. Podemos notar que nestes países culturalmente (socialmente) é quase que obrigação do homem (um dever sagrado) buscar prosperar e não esperar, como podemos notar em:
Max Weber ( Alemão / Sociólogo e Economista)
“O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível”
ou
Paul Erdos (Judeu-Hungáro / Matemático)
“Não é suficiente estar no lugar certo na hora certa. Você também precisa ter a mente aberta no tempo certo”
Hoje, vejo o Brasil buscando uma transição entre estas duas linhas. Decerto estamos caminhando mais para a segunda, se comparados aos Caras Pintadas, porém temos um longo caminho pela frente.
Tivemos uma vitória recente com aprovação do Processo de Impeachment, no Congresso Nacional, sem dúvida também motivado pela pressão e mobilização das ruas. Isto já é uma grande mudança para o Brasil, porém vale lembrar que ainda não é o Impeachment propriamente dito. Diferente do episódio Collor, onde o “Dito Cujo” renunciou, e neste segundo caso, a “Excelentissíma” ficará até o final, portanto vale ficarmos atentos.
Adicionalmente existem os “outros” a serem observados: Renan, Cunha, Lula & Família , as operações Lava-Jato, as possíveis suspeitas sobre contas do BNDES….. e assim vai….
Este recém exemplo de protagonismo com certeza não será apenas um caça ao PT e seus aliados, apesar de uma democracia jovem, arriscaria em dizer que o Brasil está começando a pegar o jeito. Ainda tem muito a aprender, mas tem o caminho aberto para ser bem direcionado….
O cuidado que devemos ter, talvez seja buscar um equilíbrio ao lembrar que devemos ser protagonistas do nosso momento, porém não podemos deixar de lutar por uma sociedade mais justa que propicie moradia, saúde, segurança, educação, lazer e dignidade como pilares básicos sem radicalismos e dogmas.
Por isso acho que com relação ao “Tempo das Coisas” fico com Fernando Pessoa : “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Um abraço !